VELAS NA TAPERA (Romance / Primeira Edição) | Esgotado

São muitas as sagas que essa sem fim vastidão de verde chamada Amazônia já acalentou entre suas folhas. Epopéias em torno de estradas de ferro, rasgar de rodovias megalômanas, corrosivas corridas em busca de ouro. Sagas que não cessam de manter iluminada a imaginação de pesquisadores e ficcionistas. No entanto, poucas velas têm sido acesas em torno de um dos mais impressionantes episódios vividos por essa imensidão ecossistêmica: o gigantesco intento chamado Companhia Ford Industrial do Brasil.  Entre 1928 e 1946, a poderosa Henry Ford Motores e Cia ergueu e manteve em meio à mata brasileira os  núcleos urbanos conhecidos como Fordlândia e Belterra. Situadas na margem direita do Tapajós, as cidades foram projetadas para acolher amplos seringais destinados a produzir a borracha tão cobiçada pela linha de montagem da célebre empresa automobilística. Todavia, impiedosamente vitimadas pelo Mycrocyclus ulei, as plantações ruíram e fizeram secar o sonho americano no colo da floresta. Uma vez extinto o projeto, todas as promessas de prosperidade para a região apagaram-se friamente.

É pela decadência do ousado cenário imaginado e relegado por Henry Ford I que transitam os seres de VELAS NA TAPERA. É por entre o silêncio do abandono que vagam todas as criaturas que cercam, sem luz, uma tal mulher chamada Rita Flor. A mãe viúva-órfã que arrasta, junto à barra de seu atemporal vestido preto, um luto que não é só seu. Um luto que está em tudo a sua volta. A mãe viúva-órfã que se vê incendiada por um milagre e cruza o inimaginável para manter intacta a chama de sua convicção. 

No início da trama, a jovem viúva Rita Flor enterra sua única filha, a pequena Saninha. Louca por ter perdido tudo na vida, a personagem tranca-se em sua tapera e acende velas. Velas e mais velas. Um grande incêndio se dá. As labaredas ameaçam engolir a transtornada mulher. Ela desmaia. Hora depois, numa guinada absolutamente misteriosa, desperta no seio da mata. Por entre o verde acinzentado da noite na floresta, os restos de sua casa ainda em brasa. Mas como? Quem a salvou? Quem a tirou da tapera em chamas? Sua filha. Só pode ter sido o espírito de sua filha. Um milagre. Tudo foi um milagre. Assim, a jovem põe na cabeça: tem que construir uma capela para sua criança. Rita, então, inicia uma angustiante jornada em plena decadência de Fordlândia. Na interseção dos fatos, uma constatação perturbadora: só haverá um modo de conseguir dinheiro para erguer a ermida de sua menina milagreira: prostituir-se. Na esteira da insana odisséia pessoal de Rita, personagens catequizados pelo desalento e pelo abandono.

VELAS NA TAPERA faz parte do projeto SAGAS DA AMAZÔNIA, ciclo de romances de Carlos Correia Santos que têm como pano de fundo episódios instigantes que ligam a floresta amazônica à historiografia internacional. Em todos os romances, os personagens fazem parte de um mesmo eixo familiar.

Essa primeira edição de VELAS NA TAPERA foi publicada em 2008, pela Fundação Cultural do Pará, como resultado do prêmio Dalcídio Jurandir. O livro conquistou o primeiro lugar nacional na categoria romance. ESSA PRIMEIRA EDIÇÃO ESTÁ ESCGOTADA, MAS EM BREVE SERÁ LANÇADA UMA SEGUNDA EDIÇÃO PELA PARÁ.GRAFO EDITORA


 

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